A Umbanda sempre me leva a grandes reflexões e a um turbilhão de sentimentos. Algumas indagações e sentidos sempre rondam meus pensamentos, assim como, acredito, o de muitas outras pessoas.
O que representa a Umbanda na vida das pessoas? Será que a Umbanda representa Desejos, Necessidades, Trocas ou O querer a qualquer custo? Será que representa somente incorporar ou ‘meu Guia sabe tudo’? Será que representa a inconsciência mediúnica caracterizando o médium como uma marionete? Ou, pior, um ser sem possibilidade, força e equilíbrio mental e espiritual para controlar seus impulsos, vícios e vaidades, além de não sustentar a ação de uma Força Superior dominando suas ações?
E como será que a Umbanda está sendo praticada? Será que a Umbanda está sendo praticada somente no dia de gira? Aliás, abençoada a casa que hoje, depois de cem anos, abre seus trabalhos regularmente e semanalmente ensinando e doutrinando seus médiuns e consulentes, deixando de lado a preguiça e o estímulo aos milagres.
Será que, ainda hoje, a Lei de Salva é praticada na Umbanda? Será que ainda temos médiuns e pais-de-santo afirmando que um trabalho espiritual é um ‘ Trabalho’, portanto deve ser cobrado? Será que a política deve ser estimulada dentro da religião como sendo imprescindível para sermos respeitados e como a salvação de nossos direitos?
São tantos ‘serás’ que chego à conclusão de que falta muito para nos considerarmos verdadeiramente umbandistas, afinal a Umbanda vem sendo tão mal trabalhada, praticada e entendida que muito me entristece. Muitos já não sabem ‘o que é’ e ‘o que não é’ Umbanda, ninguém mais sabe ‘o que está certo’ e ‘o que está errado’ dentro da liturgia umbandista e da religião, não se tem mais uma ‘Linha’ a seguir, as ‘invenções’ e ‘criações’ não param de surgir e são, muitas vezes, totalmente desnecessárias, chegando à beira do ridículo.
É inacreditável, mas muitos ainda não sabem que a Umbanda é uma Religião e muito menos conhecem sobre sua doutrina, ritos, rituais e cultura, não sabem argumentar, explicar, defender a sua própria crença, não sabem diferenciar Umbanda de Candomblé ou Quimbanda e outros ainda a tratam como espiritismo ou Umbanda Branca como se houvesse Umbanda Preta, Vermelha, Azul…
E o modo de ver é que: ‘se incorporou, então é Umbanda’ ou ainda, ‘para soluções rápidas e milagrosas, vá à Umbanda’, consequentemente ela é tratada como fenômeno mediúnico apenas, como momento de êxtase ou pronto-socorro.
Estão esquecendo como surgiu a Nossa Religião e para que veio, estão esquecendo as palavras do querido Caboclo das Sete Encruzilhadas dizendo que a Umbanda seria uma religião sem preconceitos e que a humildade seria o prisma da Umbanda, que falará aos humildes, simbolizando a igualdade que deve existir entre todos os irmãos encarnados e desencarnados.
Estão esquecendo os avisos do Caboclo : “a vil moeda vai prejudicar a Umbanda; médiuns que irão se vender e que serão, mais tarde, expulsos, como Jesus expulsou os vendilhões do templo. O perigo do médium homem é a consulente mulher; da médium mulher é o consulente homem”.
E complementa: “É preciso haver muita moral para que a Umbanda progrida, seja forte e coesa. Sejam humildes, tenham amor no coração, amor de irmão para irmão, porque vossas mediunidades ficarão mais puras, servindo aos espíritos superiores que venham a baixar entre vós; é preciso que os aparelhos estejam sempre limpos, os instrumentos afinados com as virtudes que Jesus pregou aqui na Terra, para que tenhamos boas comunicações e proteção para aqueles que vêm em busca de socorro nas casas de Umbanda. Fechai os olhos para a casa do vizinho; fechai a boca para não murmurar contra quem quer que seja; não julgueis para não serdes julgados; acreditai em Deus e a paz entrará em vosso lar”.
Estão esquecendo que a Umbanda como Religião veio sustentada pelo Astral Superior para nos levar a um auto-conhecimento, a uma interiorização e evolução espiritual, conhecendo nossos desequilíbrios e modificando-os, ou seja, uma religião que exige a tão conhecida, porém tão pouco praticada REFORMA ÍNTIMA.
A Umbanda é uma religião tão Divina e significativa que é a única religião que necessita do HOMEM e de seu ÍNTIMO como sendo o centro de tudo, ou seja, se o médium for Bom, sua Umbanda será Boa e Bem praticada, porém se o médium for vaidoso, só pensar em dinheiro, ostentar o poder e a ignorância, a Umbanda refletirá esses aspectos e, infelizmente, é isso que vemos hoje dentro da Umbanda. Percebam que a vida particular de um padre, por exemplo, não reflete em sua religião ou no momento em que está realizando a missa, o mesmo acontece com outras religiões.
Portanto, vale a pena refletir: será que aquele médium que briga durante a semana inteira, reclama, xinga e fala mal de todos e tudo constantemente, bebe, se droga, ostenta o poder, trapaceia, tem a capacidade ou a afinidade de, no dia da gira, incorporar uma Entidade de padrão vibracional elevado? Claro que não! Portanto se quisermos ter uma Boa Umbanda temos que ser Bons médiuns, temos que praticar a religiosidade e a reforma íntima todos os dias da semana.
Percebam como a Umbanda é extremamente Poderosa e Divina! Ela é a única que envolve todas as outras religiões e doutrinas, ela é a única que aceita e alcança qualquer espírito, ela é a única que proporciona a verdadeira evolução do espírito, é a possibilidade de se resgatar as dívidas do passado, ela é a única que proporciona o “Fazer de novo Fazendo Diferente” e quando conseguimos isso rasgamos nossas promissórias do passado e o mais divino é que proporcionamos isso também aos Guias Espirituais, pois quando os intermediamos damos a oportunidade deles também resgatarem seus carmas e praticarem a sua evolução.
Escrito por Mãe Mônica Caraccio
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