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À procura da batida da umbanda, Viradouro põe atabaque na bateria

Foram selecionados 20 ogãs em terreiros de Niterói e São Gonçalo.
Mestre Ciça diz que para inovação dar certo, todos terão de usar microfone.








Mais do que entrar na avenida com o pé direito, a Unidos do Viradouro quer desfilar abençoada pelos orixás. Para isso, o diretor de bateria Mestre Ciça não economizou em energia: resolveu incorporar 20 ogãs – responsáveis pelos toques rituais na umbanda e no candomblé – ao grupo de ritmistas. Eles vão tocar atabaque, o instrumento sagrado dos terreiros, que pela primeira vez vai mostrar sua força numa escola de samba.

Segundo a tradição espírita, os ogãs são os escolhidos pelos orixás para a comunicação com as divindades através do canto e da percussão. E é com a energia que emana das mãos desses 20 homens que Mestre Ciça quer conquistar a nota máxima para a bateria.

“Num enredo que fala sobre a Bahia, os ogãs na bateria caem como uma luva. Vamos ver que bicho que vai dar, né? A idéia da escola era convidar integrantes de algum grupo afro baiano. Mas nem foi preciso. O toque que eu quero está aqui, nos terreiros de macumba”, comentou o diretor de bateria, frisando que os novos integrantes da bateria não são ritmistas, mas ogãs de centro espíritas de Niterói e São Gonçalo, na Região Metropolitana.

Paradinha especial

De início, Ciça não tinha intenção de apresentar qualquer novidade na bateria da Viradouro. Mas, segundo ele, a pressão foi grande e ele acabou sucumbindo. Decidiu incorporar ao som do surdo, da caixa e do repique, a magia do atabaque e acabou criando uma paradinha especial só para eles. O difícil vai ser executar.

“Para dar certo, teremos de colocar microfones nos 20 atabaques para que eles sejam ouvidos na avenida. O atabaque é um instrumento para ambientes fechados. Ou então, teremos de chamar mais 20 ogãs, porque num determinado momento do samba toda a bateria pára e até os instrumentos de apoio, como o cavaquinho, silenciam. A gente só ouve o canto e os atabaques”, revelou o mestre. “Se não for assim, vamos desistir da idéia”.

Ensaiando há quatro meses, Ciça conta que a escola já preparou uma espécie de tripé para que os novos ritmistas possam desfilar sem comprometer a harmonia da escola. Afinal, os atabaques são instrumentos compridos, difícil de transportar.

Segundo o mestre de bateria, nos ensaios na quadra o resultado da inovação foi aprovado por todos. Dois ogãs inclusive participaram da gravação do CD das escolas de samba. Ciça diz que o entrosamento deles com os ritmistas e os integrantes da escola é total.

“Eles trouxeram para a escola uma outra vivência, uma experiência que não é de samba. Eles nunca desfilaram, mas já fazem parte da Viradouro. É muito bacana e satisfatório trabalhar com eles. Nos ensaios dá para ver a satisfação, o prazer, a alegria e a seriedade com que eles tocam. O que para nós é trabalho, para eles é uma religião. Eles se dedicam para valer”, comenta entusiasmado Mestre Ciça.

Três figurinos

Outra inovação que a bateria da Viradouro vai apresentar diz respeito à fantasia. Serão três: as mulheres que tocam chocalho estarão vestidas de Ossanha – divindade que tem o poder de revitalizar o axé (força sagrada) – enquanto os demais ritmistas estarão representando os Filhos de Ghandi (afoxé baiano). Já os ogãs, que desfilarão no final da bateria, estarão vestidos de ogãs.

“A bateria da Viradouro já jogou bola na avenida e subiu em carro alegórico. Agora, vai mandar um axé para o público”, disse Ciça, que acredita que tudo isso leve a escola ao título do carnaval 2009.

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL916906-5606,00-A+PROCURA+DA+BATIDA+DA+UMBANDA+VIRADOURO+POE+ATABAQUE+NA+BATERIA.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Considero essa uma inovação bem interessante para a Escola de Samba. É também uma forma de aproximação das pessoas com a doutrina, o que poderá contribuir para o fim do preconceito que se verifica quanto a Umbanda.