Quando uma pessoa começa um trabalho de auxílio
espiritual ela sempre acha que está ajudando os outros e que ela é o meio para
que a espiritualidade faça o seu serviço no plano terreno. Entretanto, se
aquilo que as pessoas tanto estudam na teoria tivesse sido absorvido como
sabedoria ao invés de mero conhecimento intelectual e se tivessem o mínimo de
autoconhecimento saberiam que, a bem da verdade, são elas que estão sendo
ajudadas e que o trabalho que prestam aos outros é o meio pelo qual estão
pagando os próprios pecados. É muito cômodo para qualquer pessoa que esteja
inserida no trabalho de amparo espiritual colocar-se na posição de amparador,
da “pessoa que ajuda”, vez que o verdadeiro motivo de seu trabalho é ignorado.
Esta é uma das razões pela qual as pessoas não lembram de suas vidas passadas,
já que se soubessem do que fizeram e o que foram a culpa lhes tiraria a alegria
de viver. E, como alguns grupos espirituais trabalham, o negócio é “alegria!
alegria!”.
Pessoas
que jamais se interessaram em espiritualidade, que nunca procuraram Deus porque
queriam, mas porque precisavam para resolver seus próprios problemas, que elas
mesmas criaram, diga-se, repentinamente caem de paraquedas em um trabalho de
ajuda espiritual e não se questionam o porquê. Adotam rapidamente a postura de
“eu ajudo os outros” e passam a viver nesta ilusão. Mal sabem que na verdade
fazem aquilo porque elas mesmas precisam, não os outros. Mal sabem que no meio
de tantos casos “horríveis”, dos outros, o caso delas é o mais horrível de
todos e que a espiritualidade abriu as portas para que elas se redimissem de seu
tenebroso passado através disto. Em um universo criado por um Deus justo e
perfeito nada poderia deixar de ser justo e perfeito e tudo está em perfeita
harmonia, cabe apenas ao homem desenvolver a capacidade de perceber este
equilíbrio entre todas as coisas. A ajuda que prestam na vida atual equilibra o
que antes fizeram.
Muitos
acham que a ajuda espiritual é a sua “missão” na Terra, quando de fato é apenas
seu resgate kármico. Um exemplo disso são as pessoas que combateram nas duas
guerras mundiais e hoje exercem a medicina como forma de compensação; antes
tiravam vidas, hoje às mantém. E assim, o Deus justo e perfeito, a
espiritualidade maior, a Providência Divina, dá a todos a chance de se redimir,
sempre, pela ação, pelo trabalho, e quanto mais consciência a pessoa tiver
sobre isto melhor será tanto para ela quanto para as pessoas que ela “ajuda”. A
vida, e tudo que nela se encontra, como um grande laboratório para as almas
permite que cada um tenha à disposição todas as ferramentas para poder evoluir e
o trabalho espiritual é um destes, não obstante o seu efeito de compensação.
Ocorre que esta ajuda que vem do lado de lá acaba sendo desvirtuada e as
pessoas que estão sendo ajudadas acabam achando que são elas que estão
ajudando; o que lhes cega à Verdade e compromete suas realizações.
Na
ajuda espiritual prestada há tanto a necessidade de resgate como de aprendizado
e as pessoas que “ajudam” devem cuidar muito antes de se colocar e assumir a
posição de “quem ajuda”, já que pode ser que aquela pessoa que ela pensa estar
ajudando é que à está ajudando ao permitir ser ajudada. A Terra não está tão
lotada de santos para que se pense que todas as pessoas que prestam ajuda
espiritual aos outros são espíritos evoluídos que vieram para iluminar e salvar
o mundo e as pessoas que se propõem a ajudar espiritualmente têm a obrigação de
ter competência para isso, competência que vem pelo autoconhecimento e ciência
de sua própria história. Quando uma pessoa sabe porque, de fato, está
“ajudando” os outros a ajuda é mais efetiva; do contrário, é como um cego em um
tiroteio. A consciência acalenta o coração e é do coração que a ajuda deve vir.
A Vontade que vem do coração é tudo. Não são os livros lidos nem as horas de
cursos, é o coração.
Nos
centros espíritas do Brasil, bem como nas chamadas “mesas brancas”, existem
grupos de mentores espirituais que auxiliam nos trabalhos. O que os espíritas
não sabem é que na maioria dos casos estes espíritos que os auxiliam são da
umbanda, os quais não tomam a iniciativa de se declarar desta forma para evitar
entraves dos que participam fisicamente do trabalho. Sendo o espírita um
religioso cristão se soubesse que quem lhe auxilia são espíritos da umbanda
este poderia gerar bloqueios emocionais e psíquicos, o que comprometeria o
fluxo de energia, a egrégora e consequentemente o trabalho feito. Para as
pessoas com um desenvolvimento espiritual mais apurado é fácil identificar tais
espíritos, entretanto, a maioria dos espíritas não têm essa capacidade e apenas
se preocupa em se escorar em seu conhecimento intelectual da doutrina espírita
e no seu tempo de religião para ditar verdades. Para o espírita importa mais o
tempo de espiritismo do que o desenvolvimento espiritual .
Assim
como nas mesas brancas, nos centros espíritas existe grande atividade dos
espíritos da umbanda e aí entra a questão do motivo de tantos espíritos da
umbanda se colocarem à disposição para auxiliar nos trabalhos espirituais: um
dos karmas do Brasil. O ciclo de encarnações segue um processo anti-horário.
Quer dizer: quem nasceu no Brasil nesta vida tende a nascer na África na
próxima e assim por diante, seguindo um sistema anti-horário pelo globo.
Milhões de brasileiros tiveram suas últimas encarnações na antiga América
escravocrata, principalmente no Brasil, onde desarmonizaram-se com os escravos
africanos e hoje estão resgatando seu karma justamente com os espíritos da
umbanda, os quais possuem ligação direta com a África. Por isso há tantos
espíritos da umbanda atuando nos centros espíritas, mesas brancas e nos próprios
terreiros de umbanda em todo o Brasil. Os espíritos da umbanda estão ajudando
os brasileiros a resgatar seus karmas. Ressalta-se por oportuno que a corrupção
é o maior karma coletivo do Brasil.
Tais
espíritos estão ajudando nos trabalhos espirituais realizados na Terra,
independente da denominação a que as pessoas pertencem. Nos locais onde lhes é
propício se anunciarem como sendo da umbanda, assim o fazem e quando não é, não
o fazem. Se para ajudar espiritualmente alguém mediante as circunstâncias presentes
é preciso que os mentores espirituais terrestres deixem de se declarar como e
quem são, assim o fazem. Como os espíritas são os que fazem o maior trabalho
espiritual prático e efetivo no Brasil, com os espíritas os espíritos da
umbanda trabalham, não se declarando prontamente a qualquer um como sendo da
umbanda, apesar de não negarem este estado aos que possuem capacidade para
percebê-los como são. Nisto, há grupos espíritas de anos em que seus membros
não sabem que seus mentores espirituais são da umbanda, pois se soubessem o
trabalho poderia ser prejudicado em razão das percepções individuais
equivocadas que cada membro poderia ter sobre a umbanda.
Nos
trabalhos espirituais assistidos pelos espíritos da umbanda para evitar
qualquer obstrução de energia por um pensamento ou uma emoção do espírita que
poderia se travar pela ciência de ser ajudado por espíritos da umbanda, tais
espíritos, desejando ajudá-los a ajudar, não tomam a iniciativa de se declarar
como sendo da umbanda e os espíritas, que como religiosos não buscam de fato a
Verdade, já que colocam a religião como verdade e não a Verdade como religião,
além de que a maioria não possui desenvolvimento espiritual para perceber e
identificá-los, acabam nem sabendo quem são estes espíritos que os ajudam, pois
em sua fixação pelo trabalho espiritual, o dogma-mor da salvação em sua
religião que lhes empurra temeraria e unicamente para o trabalho espiritual
acima de tudo, deixam de procurar saber quem são os espíritos que os ajudam.
Para o espírita importa o trabalho espiritual e se tem espíritos ali para
ajudar a trabalhar, pronto, vão tocando em frente porque a caridade é a sua
salvação.
Em
minhas experiências práticas com os espíritos da umbanda pude perceber algumas
particularidades em suas manifestações. Tais espíritos costumam rodear o
recinto impondo um ritmo circular ao passar, o que diz respeito ao princípio do
ritmo, pelo qual, também, os pajés usam o chocalho, os terreiros o atabaque e
os budistas balançam o corpo ao meditar e os muçulmanos ao decorar as suras
etc. Veja-se que não é à toa que existem os movimentos de rotação e translação
no universo. Eles se manifestam de uma forma demasiadamente simples, eis que
trabalham para ajudar pessoas demasiadamente simples e/ou de fé simples.
Pessoas se identificam e se abrem mais, em todos os planos, com quem usa da sua
linguagem. Em alguns de meus contatos com tais entidades estes espíritos me
passaram alguns recados a serem passados justamente para espíritas incapazes de
percebê-los. Em outros momentos anteciparam em dias que estariam em certo
local em certo tempo, o que se consumou.
Compreendendo
a ajuda espiritual como um efeito, a pessoa que “ajuda” deve saber a causa
deste efeito e saber porque está fazendo isso. Com toda certeza se as pessoas
que dizem que “ajudam espiritualmente os outros” fossem buscar o motivo que as
levou a isto saberiam que ali não há nenhum sacrifício pela humanidade, um
estado crístico, de mestre ou avatar ou santidade, mas, pelo contrário, um
resgate kármico. Estão ajudando porque elas mesmas precisam, pois é na ajuda
aos outros que elas se ajudam equilibrando, compensando, o que fizeram
anteriormente. A pessoa que diz que ajuda espiritualmente os outros antes de
fazer tal afirmação deve buscar e saber se não é ela que está sendo ajudada e
os espíritas devem buscar o desenvolvimento para ter a capacidade de perceber
quem são os espíritos que os ajudam em seus trabalhos, do contrário continuarão
a receber ajuda de espíritos que nem eles mesmos sabem quem são; pois,
conforme diz a própria bíblia: “E
conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João
8:32), não o trabalho.
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