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O porque dos Pontos Cantados

Um dos fundamentos de vital importância par a harmonização e eficácia dos trabalhos dentro de um templo umbandista é, sem dúvida, o que diz respeito aos Pontos Cantados (curimbas).

Em tempos imemoriais, o Homem materialista e ligado quase que exclusivamente aos aspectos físicos que o circundavam, tomado de profundo vazio conscienciosa, resolveu traçar caminhos que o fizesse resgatar a verdadeira finalidade de sua existência.
Alicerçado em princípios aceitáveis, passou a buscar o elo de ligação para com o Criador, a fim de se redimir do tempo perdido e desvirtuado para outras ações.
Uma das formas encontradas para a reaproximação com o Divino foi a música, onde se exprimiam o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior.
Desta forma, os cânticos tornaram-se um atributo socio-religioso, comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios do Plano Astral Superior.
A Umbanda, nossa querida religião anunciada no plano físico em 15 de novembro de 1908, em Neves, Niterói - RJ, pelo espírito que se nominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, também recepcionou este processo místico, mítico e religioso da expressão humana.
Nos vários terreiros espalhados pelas Terras de Pindorama (nome indígena do Brasil), observamos com fé, respeito e alegria os vários pontos cantados ou curimbas, como queiram, sendo utilizados em labores de cunho religioso ou magístico.
Em realidade os Pontos Cantados são verdadeiros mantrans, preces, rogativas, que dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências Espirituais que nos regem.
Existe toda uma magia e ciência por trás das curimbas que, se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provoca, através das ondas sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre presentes em nossas vidas.
A Umbanda é capitaneada por sete Forças Cósmicas Inteligentes, que são as principais e que, por influência dos Pretos-Velhos, receberam os nomes de Orixás, sendo que a irradiação ou linha de Oxalá (Cristo Jesus), precede todas as demais, razão pela qual as comanda.
Todas estas irradiações têm seus pontos cantados próprios, com palavras-chave específicas e a justaposição de termos magísticos, de forma que o responsável pela curimba deve Ter conhecimento do fundamento esotérico (oculto) da canção.
Temos visto em algumas ocasiões determinadas pessoas até com boas intenções, mas sem conhecimento, "puxarem" pontos em horas não apropriadas e sem nenhuma afinidade com o trabalho ora realizado.
Tal fato pode causar transtornos à eficácia do que está sendo feito, uma vez que podem atrair forças não afetas àquele labor, ou ainda despertar energias contrárias ao trabalho espiritual. Quanto à origem, os pontos cantados dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade), e Pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente) Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados, pois constituem-se em termos harmoniometricamente organizados, ou seja, com palavras colocadas em correlação exata, que fazem abrir determinados canais de interação físico-astral, direcionando forças para os mais diversos fins (sempre positivos).
No que concerne aos Pontos cantados terrenos, a Espiritualidade os aceita, desde que pautados na razão, bom senso e fé de quem os compõe.
Às vezes, porém, nos deparamos com algumas curimbas terrenas que nos causam verdadeiro espanto, quando não tristeza.
São composições "sem pé nem cabeça", destituídas de fundamento, com frases ingênuas e sem nenhum nexo, chegando algumas a denegrirem os reais valores umbandistas.
Cantam curimbas por aí dizendo que Exu tem duas cabeças; que Bombogira (Pombagira) é prostituta e mulher de sete maridos; que Preto-Velho é feiticeiro e mandingueiro; que o Orixá Nanã mora na lama dos rios; que Ogum é praça de cavalaria, e outras incoerências mais.
E quanto ao plágio (cópia adulterada) leitores ? Aí é que a questão se agrava.
É que alguns "espertos" andam a visitar terreiros, ouvindo e decorando pontos pertencentes àqueles templos.
Voltam à tenda onde trabalham ou dirigem, e começam a cantar os pontos aprendidos, com algumas alterações, para disfarçar é claro, e dizem a terceiros que as curimbas são de sua autoria ou de suas "entidades".
Além de modificarem pontos que podem ser de raiz, estão sujeitos a serem desmascarados quando alguém toma conhecimento da origem e da real letra das curimbas.
Quanto à finalidade, os Pontos Cantados podem ser: Pontos de chegada e partida; Pontos de vibração; Pontos de defumação; pontos de descarrego; Pontos de fluidificação; Pontos contra demandas; Ponto de abertura e fechamento de trabalhos; Pontos de firmeza; Pontos de doutrinação; Pontos de segurança ou proteção (são cantados antes dos de firmeza); Pontos de cruzamento de linhas; Pontos de cruzamento de falanges; Pontos de cruzamento de terreiro; Pontos de consagração do Congá; e outros mais, consoante a finalidade a que se destinam.
Vimos pelo acima exposto que as curimbas, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio aos Pretos-Velhos, Caboclos, Exus, e demais espíritos que atuam dentro da Corrente Astral de Umbanda.

" Sobre o Número Sete "

É bastante conhecido o prestígio do número 7, esse número primo presente nas culturas antigas e nas artes mágicas em todos os povos. As razões para isso, no entanto, não possuem a mesma notoriedade e preencher essa lacuna é o objetivo desta nota. Em primeiro lugar, considera-se que a importância fundamental do setenário (conjunto de sete elementos) deve-se ao fato de que a própria dimensão espacial assume a forma de seis direções mais o ponto imóvel central, a referência fixa, o observador: nós, em suma. Se considerarmos que o triângulo é o símbolo do espírito e das forças cósmicas, fato comum a muitas civilizações, e que o quadrado representa o plano físico, a estrutura material, temos no número sete a reunião dos poderes do Céu e da Terra em um todo harmônico e unificado. Na teologia cristã, por exemplo, o número tem ampla recorrência, desde o Gênesis, quando Deus cria o mundo em 7 dias, até o Apocalipse, onde aparece inúmeras vezes.

Também ocupa papel de destaque na doutrina o conceito das 3 virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e das 4 virtudes cardinais (Força, Justiça, Prudência e Temperança). Os sete pecados capitais desempenham uma função contrária e são bem conhecidos, embora quase todo mundo esqueça algum ao tentar enumerá-los. Assim, apenas por uma função informativa, lembramos aqui esse sedutor elenco que nos torna tão desesperadamente humanos: Luxúria, Ira, Preguiça, Gula, Orgulho, Ganância e Inveja, em ordem decrescente de preferência do autor.

Os 7 planetas da Antigüidade compunham a Astrologia da época e representavam os princípios cósmicos da formação da Vida. Eram o Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Curiosamente, os astrólogos de outros povos associavam esses corpos celestes a deuses com outros nomes mas de idêntica natureza. As sete estrelas que compõem a constelação das Plêiades também atrairam a atenção dos astrólogos como símbolo do 7 cósmico e da força setenária primordial.

A disposição geométrica do triângulo e do quadrado unidos em uma mesma estrutura está presente em várias catedrais medievais e em templos orientais, como símbolo da "quadratura do círculo". Naturalmente, não podemos esquecer as referências mais óbvias e sobre as quais nunca indagamos as razões: as 7 notas musicais, as 7 cores do arco-íris, os 7 dias da semana, as 7 Maravilhas da Antigüidade. Mais interessante é observar, por exemplo, que na dança escocesa das espadas São Jorge vence o dragão acompanhado de sete santos, que o candelabro do Templo de Salomão tem 7 braços, que a lira de Orfeu tinha 7 cordas, que eram 7 as Hespérides que guardavam a árvore dos pomos de ouro, 7 os chefes que atacaram Tebas e 7 os que a defenderam, que eram 7 os filhos e as filhas de Níobe, assassinados pelos deuses. Platão nos fala das 7 esferas celestes e das 7 sereias que cantam sobre cada uma delas. O número também costuma aparecer em amuletos, rituais e oferendas mágicas, como as feitas para os Exus e Pomba-Giras. Segundo Hipócrates, "O número sete, por suas virtudes ocultas, tende a realizar todas as coisas; é o dispensador da vida e a fonte de todas as mudanças, pois mesmo a lua muda de fase a cada sete dias. Este número influi em todas as coisas sublimes." Cola Alberich nos informa que "os pentes de 7 dentes eram símbolos mágicos em Susa; entre os chineses a 'raposa de sete caudas' é o gênio maligno; os santos e sábios tem 'sete orifícios' no coração; os espíritos animais são sete; existem sete fadas de sete cores; no dia sete do sétimo mês celebram-se grandes festas populares e um dos amuletos prediletos é o lótus de sete folhas. No Tibet são sete os emblemas do Buda; nas pirâmides sagradas de Mocha, na costa peruana, o templo do sol tem sete escalões. No Islã o número sete goza de grande prestígio: há sete céus, sete terras, sete mares; dão-se sete voltas em torno do templo de Meca; há sete dias nefastos; o homem é formado por sete substâncias, são sete os alimentos recolhidos..."

Em função de sua natureza singular de sintetizar a totalidade o sete representa a harmonia do Universo e os poderes de compreensão do ser humano. Não é por outra razão que, no Tarot, o sétimo Arcano Maior é a Vitória. Também por isso a estrela de sete pontas é chamada de Estrela dos Magos e tem função de destaque em vários tipos de rituais.


Materia de propriedade do Jornal Umbanda Hoje -
Reproducao autorizada por Marco Valerio Pellizer - Editor


**Jornal de umbanda sagrada, agosto de 2003 (Autor Desconhecido)

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