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Livros

Adicionado novos livros relacionados ao Espiritismo e Umbanda

Humildade

Humildade é o caminho único para se servir a Deus. Todos nós encarnados ou não, devemos ser simples e humildes. Nosso exemplo maior é Jesus. Nasceu numa manjedoura, veio com a missão de Rei, mas nunca foi ligado a bens materiais. Nada nem ninguém o tiraram do caminho certo. Sabia o valor do dinheiro, do ouro, podia obter riquezas e prestígio fácil.
A sua volta, todos erros e ganâncias eram comuns. Não se precisava muito para justificar uma grande fortuna ou títulos de nobreza. Jesus sabia como ninguém que os bens eram necessários, mas como Mestre visto que a Humildade e Nobreza de Coração eram títulos mais importantes.
O homem precisa do seu trabalho, ganhar o pão com o suor do dia, mas não, mas pode ser escravo do dinheiro. O corpo não vive sem alimento, sem roupas ou teto. Sem trabalho e sustento ninguém sobrevive. Deus nos mostra que pelo trabalho, nos melhoramos e nossas matérias recebem as forças para cumprirem suas missões. Nosso lar, nossa família são à base de partida para uma jornada de luz.
Mas Jesus nos recomenda, não acumulemos tesouros na terra, onde os vermes e as traças os destroem. Acumulemos bens no Céu, onde nada nem ninguém podem destruí-los.
O que são estes Tesouros, Bens Materiais. Ninguém levará nada destes valores.
Na terra ficaram tudo que materialmente compramos. Só as boas Ações, Caridade prestadas, seguirão conosco.
Sejamos humildes, usemos tudo que Deus nos empresta por meio do dinheiro com sabedoria.
Vamos ter o teto, a roupa, o conforto que a matéria precisa, mas lembremos de dividir com os nossos irmãos de jornada.
A oportunidade sempre aparece. Hoje é alguém com fome, amanhã é um vizinho doente, por vezes basta um aperto de mão, um sorriso ou um abraço e já fizemos a nossa parte.
Sejamos humildes e pensemos que hoje ajudamos, e amanhã seremos ajudados. Ninguém encarnado ou não, vive sem ajuda de Deus.
Ao ler e estudar o Evangelho veremos que os Simples e Humildes verão o Reino dos Céus.
Isto é, habitarão uma das moradas do Senhor. Meu irmão, na vida material precisa de simplicidade.
Está só é possível se nos curvarmos diante das boas ações e nos empenharmos em Jesus.
Médium Perfeito é a humildade sem igual. Estamos na escola da vida e agora iniciamos as aulas da Espiritualidade. Sempre que oramos ou entramos em prece sejamos simples. Vejamos os nossos erros e faltas cometidas. Antes de pedir, agradecemos tudo que Deus nos tem dado.
Os espíritos de Luz estão nesta elevação, por suas boas ações e simplicidade.
Médiuns Vaidosos é Médium doente. Sua vaidade afasta a Luz, e os bons espíritos não se afinam. Não há como juntar as trevas a Luz.
Aos poucos nossos amigos espirituais se afastam e sós irmãos sofredores encontram afinidade. Vamos nos policiar. Quando um amigo maior ajudar alguém, não se julguem em grande posição, somos apenas intermediários.
Este Amigo também sabe que ele nada fez a não ser ter a graça de servir a Deus. Então para que dizer: Eu tenho um Guia Forte… Ou sou um ótimo médium. Vamos ser humildes, quando surgir um elogio, lembre-se que o mérito não é seu.
Você teve sim, oportunidade de se melhorar e Deus lhe deu esta chance de evoluir. Quanto mais simples, melhor será a comunicação entre os dois mundos.
Portanto, a Umbanda é uma religião lindíssima, e de grande fundamento, baseada no culto aos orixás e seus seguidores. Estes grupos de Espíritos estão na Umbanda “organizados” em linhas: Nanã, Iemanjá, Oxum, Inhasã, Ogum, Xangô, Oxossi, Obaluaê e Omulú, Crianças, Povo do Oriente, Pretos-Velhos, Almas, Malandros e Exus. Cada uma delas com funções, características e formas de trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas as forças de Zambi e Oxalá.
Na verdade a Umbanda é bela exatamente pelo fato de ser mista como os brasileiros, por isso, é uma religião totalmente brasileira.

“SARAVÁ A NOSSA UMBANDA”

Fonte:http://povodearuanda.wordpress.com/2006/12/06/humildade-2/

26 de Julho = Dia de Nanã (Saluba Nanã)


A mais velha divindade do panteão, associada às águas paradas, à lama dos pântanos, ao lodo do fundo dos rios e dos mares. O único Orixá que não reconheceu a soberania de Ogum por ser o dono dos metais. É tanto reverenciada como sendo a divindade da vida, como da morte. Seu símbolo é o Íbíri – um feixe de ramos de folha de palmeira com a ponta curvada e enfeitado com búzios.

Nana é a chuva e a garoa. O banho de chuva é uma lavagem do corpo no seu elemento, uma limpeza de grande força, uma homenagem a este grande orixá.

Nanã Buruquê representa a junção daquilo que foi criado por Deus. Ela é o ponto de contato da terra com as águas, a separação entre o que já existia, a água da terra por mando de Deus, sendo portanto também sua criação simultânea a da criação do mundo.

1. Com a junção da água e a terra surgiu o Barro.

2. O Barro com o Sopro Divino representa Movimento.

3. O Movimento adquire Estrutura.

4. Movimento e Estrutura surgiu a criação, O Homem.

Portanto, para alguns, Nanã é a Divindade Suprema que junto com Zambi fez parte da criação, sendo ela responsável pelo elemento Barro, que deu forma ao primeiro homem e de todos os seres viventes da terra, e da continuação da existência humana e também da morte, passando por uma transmutação para que se transforme continuamente e nada se perca.

Esta é uma figura muito controvertida do panteão africano. Ora perigosa e vingativa, ora praticamente desprovida de seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido, principalmente ressentido.

Orixá que também rege a Justiça, Nanã não tolera traição, indiscrição, nem roubo. Por ser Orixá muito discreto e gostar de se esconder, suas filhas podem ter um caráter completamente diferente do dela. Por exemplo, ninguém desconfiará que uma dengosa e vaidosa aparente filha de Oxum seria uma filha de Nanã “escondida”.

Nanã faz o caminho inverso da mãe da água doce. É ela quem reconduz ao terreno do astral, as almas dos que Oxum colocou no mundo real. É a deusa do reino da morte, sua guardiã, quem possibilita o acesso a esse território do desconhecido.

A senhora do reino da morte é, como elemento, a terra fofa, que recebe os cadáveres, os acalenta e esquenta, numa repetição do ventre, da vida intra-uterina. É, por isso, cercada de muitos mistérios no culto e tratada pelos praticantes da Umbanda e do Candomblé, com menos familiaridade que os Orixás mais extrovertidos como Ogum e Xangô, por exemplo.

Muitos são portanto os mistérios que Nanã esconde, pois nela entram os mortos e através dela são modificados para poderem nascer novamente. Só através da morte é que poderá acontecer para cada um a nova encarnação, para novo nascimento, a vivência de um novo destino – e a responsável por esse período é justamente Nanã. Ela é considerada pelas comunidades da Umbanda e do Candomblé, como uma figura austera, justiceira e absolutamente incapaz de uma brincadeira ou então de alguma forma de explosão emocional. Por isso está sempre presente como testemunha fidedigna das lendas. Jurar por Nanã, por parte de alguém do culto, implica um compromisso muito sério e inquebrantável, pois o Orixá exige de seus filhos-de-santo e de quem a invoca em geral sempre a mesma relação austera que mantém com o mundo.

Nanã forma par com Obaluaiê. E enquanto ela atua na decantação emocional e no adormecimento do espírito que irá encarnar, ele atua na passagem do plano espiritual para o material (encarnação), o envolve em uma irradiação especial, que reduz o corpo energético ao tamanho do feto já formado dentro do útero materno onde está sendo gerado, ao qual já está ligado desde que ocorreu a fecundação.

Este mistério divino que reduz o espírito, é regido por nosso amado pai Obaluaiê, que é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro.

Já nossa amada mãe Nanã, envolve o espírito que irá reencarnar em uma irradiação única, que dilui todos os acúmulos energéticos, assim como adormece sua memória, preparando-o para uma nova vida na carne, onde não se lembrará de nada do que já vivenciou. É por isso que Nanã é associada à senilidade, à velhice, que é quando a pessoa começa a se esquecer de muitas coisas que vivenciou na sua vida carnal.

Portanto, um dos campos de atuação de Nanã é a “memória” dos seres. E, se Oxóssi aguça o raciocínio, ela adormece os conhecimentos do espírito para que eles não interfiram com o destino traçado para toda uma encarnação.

Em outra linha da vida, ela é encontrada na menopausa. No inicio desta linha está Oxum estimulando a sexualidade feminina; no meio está Yemanjá, estimulando a maternidade; e no fim está Nanã, paralisando tanto a sexualidade quanto a geração de filhos.

Esta grande Orixá, mãe e avó, é protetora dos homens e criaturas idosas, padroeira da família, tem o domínio sobre as enchentes, as chuvas, bem como o lodo produzido por essas águas.

Quando dança no Candomblé, ela faz com os braços como se estivesse embalando uma criança. Sua festa é realizada próximo do dia de Santana, e a cerimônia se chama Dança dos Pratos.

Origem

Nanã, é um Orixá feminino de origem daomeana, que foi incorporado há séculos pela mitologia iorubá, quando o povo nagô conquistou o povo do Daomé (atual Republica do Benin) , assimilando sua cultura e incorporando alguns Orixás dos dominados à sua mitologia já estabelecida.

Resumindo esse processo cultural, Oxalá (mito ioruba ou nagô) continua sendo o pai e quase todos os Orixás. Iemanjá (mito igualmente ioruba) é a mãe de seus filhos (nagô) e Nanã (mito jeje) assume a figura de mãe dos filhos daomeanos, nunca se questionando a paternidade de Oxalá sobre estes também, paternidade essa que não é original da criação das primeiras lendas do Daomé, onde Oxalá obviamente não existia. Os mitos daomeanos eram mais antigos que os nagôs (vinham de uma cultura ancestral que se mostra anterior à descoberta do fogo). Tentou-se, então, acertar essa cronologia com a colocação de Nanã e o nascimento de seus filhos, como fatos anteriores ao encontro de Oxalá e Iemanjá.

É neste contexto, a primeira esposa de Oxalá, tendo com ele três filhos: Iroco (ou Tempo), Omolu (ou Obaluaiê) e Oxumarê.

A Voz do Silêncio - Vovó Benta

O atendimento da noite agora se encerrava naquele terreiro de Umbanda. Alguns dos pretos velhos que haviam trabalhado se desligavam de seus aparelhos, não sem antes equilibrá-los com energias edificantes e benfazejas. Um dos médiuns, após praticamente "despachar" seu protetor, apressou-se em ajoelhar-se aos pés da preta velha que ainda permanecia incorporada, para solicitar aconselhamento.

O bondoso espírito acolheu amorosamente suas lamentações como o fez com todos os outros que haviam passado por ela naquela noite. Ouviu tudo fumegando seu cachimbo, porém nada falou. Saravou aquele filho, agradecendo-o pela caridade que havia prestado e assim se despediu, largando seu aparelho. O médium por sua vez, desajeitadamente se retirou, sem conseguir entender o silêncio da Preta Velha. Um misto de rejeição e indignação passou a povoar seus sentimentos, e pensou:

- "Então é assim! Eu fico fazendo caridade por horas a fio e quando solicito ajuda, o que recebo?"

Enquanto a corrente mediúnica realizava as preces de encerramento da sessão, ele sentiu uma inexplicável sonolência que o obrigou a dirigir-se diretamente para casa, ignorando o programa prévio de sair com os amigos para mais uma noitada de lazer em bares da cidade.

Mal adormeceu, em corpo astral, através do desdobramento, percebeu estar ajoelhado sobre folhas verdes e cheirosas num ambiente simples, cujas paredes eram feitas de bambu, o teto de folhas de coqueiro e o chão de terra batida. Algumas tochas iluminavam o local, e havia uma cantiga no ar que ele bem conhecia. Sentindo a presença de alguém, virou-se e o viu sentado em seu tosco banco com aquele sorriso matreiro e cachimbo no canto da boca. Sua roupa, bem como seus cabelos brancos, contrastava com a pele negra. Os pés descalços e calejados. No pescoço um rosário cujas contas eram pura luz. Sim, era ele, Pai Benedito, seu protetor.

- “Saravá zin fio!” Falou a Entidade de Luz!

- “Saravá meu Pai!” Respondeu ele.

- “Pai Benedito chamou o filho até sua tenda para poder explicar tudo aquilo que você não conseguiu entender com a orientação da mana lá no terreiro da terra.” Explicou seu protetor.

- “Meu Pai, ela nada falou...” Reclamou ele.

- “E suncê se magoou, não foi?” Perguntou seu Protetor.

- “É... não compreendi...” Respondeu tristemente. A maravilhosa Entidade então, explicou:

- “Por isso Pai Benedito o trouxe até aqui e vai explicar. Os filhos da terra ainda não conseguem compreender a mensagem do silêncio devido às suas mentes aceleradas pelo imediatismo, pela falta de concentração e pelo vício de "receitas prontas". A mana que nada disse ao filho, agiu assim justamente para incentivar a sua busca das respostas.

Queria que o filho, instigado pela falta do aconselhamento a que vinha se acostumando, pudesse parar e pensar. Pensar em todos os conselhos que seu protetor, através de seu aparelho, havia passado para as pessoas que atendera lá no terreiro há momentos atrás.

O silêncio da preta velha, quis dizer ao filho que o primeiro e maior beneficiado da abençoada tarefa mediúnica é o próprio mediador. A sua característica de médium consciente permite que receba e transmita os nossos pensamentos e os bons fluídos dos quais se torna canal. Para que o intercâmbio "médium-espírito" aconteça, pela Bondade Divina, o corpo astral do mediador é previamente preparado antes de reencarnar através da "sensibilização fluido-mediúnico" de seus centros de forças para que assim se dê a afinização com seus protetores.

Durante toda a vida encarnada, é ainda alertado e amparado para que possa exercer o mandato dentro do programado. No entanto, existe um carma envolvendo tudo isso, e o fato dos filhos prestarem a caridade não os isenta dos entrechoques a que estão sujeitos na matéria, que nada mais são do que ensinamentos necessários do certo e do errado.

Respeitando as escolhas feitas, esses protetores tantas vezes perdem seus pupilos para os descaminhos da vida, mesmo e apesar de todo esforço, e então lhes resta aguardar que o relógio do tempo os traga de volta pela mão da dor.

Pai Benedito não se entristece, se o filho por vezes o dispensa, ou não entende suas mensagens. Nem mesmo quando o filho desfaz as energias recebidas após o trabalho de caridade através da busca de prazeres ilusórios e momentâneos. Apenas ajoelha diante do Congá, que no plano astral fica sempre iluminado pelas velas da caridade prestada nas poucas horas em que a corrente de médiuns se reúne na terra, e implora ao Pai Oxalá a sua compreensão para todos os espíritos que ainda teimam em permanecer colados às suas mazelas no plano terreno.

Por isso filho, estando aqui em frente a este espírito que tanto o ama e cuja ligação perde-se no tempo, peço que desabafe suas dores, que tire as dúvidas que angustiam seu coração.”

Agora o silêncio era todo seu. Apenas as grossas lágrimas que desciam de sua face falavam de sua pouca fé, de seu descrédito até então, da própria mediunidade. De seus momentos de incertezas quanto a estar servindo realmente de canal para Pai Benedito, de seus medos em relação ao animismo e da confusão que fazia dele com a mistificação. Mas principalmente de sua vontade de largar tudo pelos prazeres do mundo, afinal era muito jovem ainda para levar uma vida regrada em função da mediunidade. Então a Entidade de Luz continuou:

- “Pai Benedito compreende a angústia do filho, mas pede que revise os tantos avisos que recebeu em seus sonhos, nas palestras instrutivas que ouviu lá no terreiro, nos livros que chegaram até suas mãos e nas tantas vezes que a Preta Velha o instruiu, o aconselhou. Onde estão estas informações? Para quem eram dirigidas nossas palavras nos atendimentos, senão para você que as ouvia antes de repassá-las? Nada é proibido aos filhos no estágio da matéria, mas em tudo deverá existir o equilíbrio. “

O silêncio da Preta Velha havia sido traduzido, e agora ele conseguia compreender que fora o melhor, dos tantos conselhos que ouvira dela.

Fechando seus olhos, agradeceu a ela mentalmente e quando os abriu, além do cheiro de incenso e da claridade que se instalara naquele ambiente, percebeu que tudo modificara. A humilde tenda agora era um templo iluminado por vitrais coloridos que formavam filetes de luz que se entrecruzavam num quadro de beleza estonteante. No chão, ao centro, em esplendoroso piso vitrificado havia o desenho de uma mandala, que de seu centro irradiava luz dourada. Já não estava mais diante daquele Pai Velho em humildes trajes, pois ele havia se transfigurado num ser de características orientais, de olhar penetrante. Nada pode pronunciar, sua voz embargou. Havia que se fazer o silêncio para que só ele traduzisse a mensagem agora recebida.

Naquela manhã acordou muito cedo, tendo plena lembrança de seu "sonho". No ar, ainda o cheiro do incenso. Não fosse a exigência da vida física, ficaria o dia todo calado, saudando o silêncio da Preta Velha.

"Que nos ouça, quem tem ouvidos de ouvir". Saravá aos filhos da Terra.

Esta mensagem foi recebida espiritualmente pela médium Leni W. Saviscki e foi publicada originalmente no Jornal de Umbanda Sagrada – Número 63 – em Julho de 2005.

O porque dos Pontos Cantados

Um dos fundamentos de vital importância par a harmonização e eficácia dos trabalhos dentro de um templo umbandista é, sem dúvida, o que diz respeito aos Pontos Cantados (curimbas).

Em tempos imemoriais, o Homem materialista e ligado quase que exclusivamente aos aspectos físicos que o circundavam, tomado de profundo vazio conscienciosa, resolveu traçar caminhos que o fizesse resgatar a verdadeira finalidade de sua existência.
Alicerçado em princípios aceitáveis, passou a buscar o elo de ligação para com o Criador, a fim de se redimir do tempo perdido e desvirtuado para outras ações.
Uma das formas encontradas para a reaproximação com o Divino foi a música, onde se exprimiam o respeito, a obediência e o amor ao Pai Maior.
Desta forma, os cânticos tornaram-se um atributo socio-religioso, comum a todas as religiões, onde cada uma delas, com suas características próprias, exteriorizavam sua adoração, devoção e servidão aos desígnios do Plano Astral Superior.
A Umbanda, nossa querida religião anunciada no plano físico em 15 de novembro de 1908, em Neves, Niterói - RJ, pelo espírito que se nominou Caboclo das Sete Encruzilhadas, também recepcionou este processo místico, mítico e religioso da expressão humana.
Nos vários terreiros espalhados pelas Terras de Pindorama (nome indígena do Brasil), observamos com fé, respeito e alegria os vários pontos cantados ou curimbas, como queiram, sendo utilizados em labores de cunho religioso ou magístico.
Em realidade os Pontos Cantados são verdadeiros mantrans, preces, rogativas, que dinamizam forças da natureza e nos fazem entrar em contato íntimo com as Potências Espirituais que nos regem.
Existe toda uma magia e ciência por trás das curimbas que, se entoadas com conhecimento, amor, fé e racionalidade, provoca, através das ondas sonoras, a atração, coesão, harmonização e dinamização de forças astrais sempre presentes em nossas vidas.
A Umbanda é capitaneada por sete Forças Cósmicas Inteligentes, que são as principais e que, por influência dos Pretos-Velhos, receberam os nomes de Orixás, sendo que a irradiação ou linha de Oxalá (Cristo Jesus), precede todas as demais, razão pela qual as comanda.
Todas estas irradiações têm seus pontos cantados próprios, com palavras-chave específicas e a justaposição de termos magísticos, de forma que o responsável pela curimba deve Ter conhecimento do fundamento esotérico (oculto) da canção.
Temos visto em algumas ocasiões determinadas pessoas até com boas intenções, mas sem conhecimento, "puxarem" pontos em horas não apropriadas e sem nenhuma afinidade com o trabalho ora realizado.
Tal fato pode causar transtornos à eficácia do que está sendo feito, uma vez que podem atrair forças não afetas àquele labor, ou ainda despertar energias contrárias ao trabalho espiritual. Quanto à origem, os pontos cantados dividem-se em Pontos de Raiz (enviados pela espiritualidade), e Pontos terrenos (elaborado por pessoas diretamente) Os Pontos de Raiz ou espirituais jamais podem ser modificados, pois constituem-se em termos harmoniometricamente organizados, ou seja, com palavras colocadas em correlação exata, que fazem abrir determinados canais de interação físico-astral, direcionando forças para os mais diversos fins (sempre positivos).
No que concerne aos Pontos cantados terrenos, a Espiritualidade os aceita, desde que pautados na razão, bom senso e fé de quem os compõe.
Às vezes, porém, nos deparamos com algumas curimbas terrenas que nos causam verdadeiro espanto, quando não tristeza.
São composições "sem pé nem cabeça", destituídas de fundamento, com frases ingênuas e sem nenhum nexo, chegando algumas a denegrirem os reais valores umbandistas.
Cantam curimbas por aí dizendo que Exu tem duas cabeças; que Bombogira (Pombagira) é prostituta e mulher de sete maridos; que Preto-Velho é feiticeiro e mandingueiro; que o Orixá Nanã mora na lama dos rios; que Ogum é praça de cavalaria, e outras incoerências mais.
E quanto ao plágio (cópia adulterada) leitores ? Aí é que a questão se agrava.
É que alguns "espertos" andam a visitar terreiros, ouvindo e decorando pontos pertencentes àqueles templos.
Voltam à tenda onde trabalham ou dirigem, e começam a cantar os pontos aprendidos, com algumas alterações, para disfarçar é claro, e dizem a terceiros que as curimbas são de sua autoria ou de suas "entidades".
Além de modificarem pontos que podem ser de raiz, estão sujeitos a serem desmascarados quando alguém toma conhecimento da origem e da real letra das curimbas.
Quanto à finalidade, os Pontos Cantados podem ser: Pontos de chegada e partida; Pontos de vibração; Pontos de defumação; pontos de descarrego; Pontos de fluidificação; Pontos contra demandas; Ponto de abertura e fechamento de trabalhos; Pontos de firmeza; Pontos de doutrinação; Pontos de segurança ou proteção (são cantados antes dos de firmeza); Pontos de cruzamento de linhas; Pontos de cruzamento de falanges; Pontos de cruzamento de terreiro; Pontos de consagração do Congá; e outros mais, consoante a finalidade a que se destinam.
Vimos pelo acima exposto que as curimbas, por serem de grande importância e fundamento, devem ser alvo de todo o cuidado, respeito e atenção por parte daqueles que as utilizam, sendo ferramenta poderosa de auxílio aos Pretos-Velhos, Caboclos, Exus, e demais espíritos que atuam dentro da Corrente Astral de Umbanda.

" Sobre o Número Sete "

É bastante conhecido o prestígio do número 7, esse número primo presente nas culturas antigas e nas artes mágicas em todos os povos. As razões para isso, no entanto, não possuem a mesma notoriedade e preencher essa lacuna é o objetivo desta nota. Em primeiro lugar, considera-se que a importância fundamental do setenário (conjunto de sete elementos) deve-se ao fato de que a própria dimensão espacial assume a forma de seis direções mais o ponto imóvel central, a referência fixa, o observador: nós, em suma. Se considerarmos que o triângulo é o símbolo do espírito e das forças cósmicas, fato comum a muitas civilizações, e que o quadrado representa o plano físico, a estrutura material, temos no número sete a reunião dos poderes do Céu e da Terra em um todo harmônico e unificado. Na teologia cristã, por exemplo, o número tem ampla recorrência, desde o Gênesis, quando Deus cria o mundo em 7 dias, até o Apocalipse, onde aparece inúmeras vezes.

Também ocupa papel de destaque na doutrina o conceito das 3 virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) e das 4 virtudes cardinais (Força, Justiça, Prudência e Temperança). Os sete pecados capitais desempenham uma função contrária e são bem conhecidos, embora quase todo mundo esqueça algum ao tentar enumerá-los. Assim, apenas por uma função informativa, lembramos aqui esse sedutor elenco que nos torna tão desesperadamente humanos: Luxúria, Ira, Preguiça, Gula, Orgulho, Ganância e Inveja, em ordem decrescente de preferência do autor.

Os 7 planetas da Antigüidade compunham a Astrologia da época e representavam os princípios cósmicos da formação da Vida. Eram o Sol, a Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Curiosamente, os astrólogos de outros povos associavam esses corpos celestes a deuses com outros nomes mas de idêntica natureza. As sete estrelas que compõem a constelação das Plêiades também atrairam a atenção dos astrólogos como símbolo do 7 cósmico e da força setenária primordial.

A disposição geométrica do triângulo e do quadrado unidos em uma mesma estrutura está presente em várias catedrais medievais e em templos orientais, como símbolo da "quadratura do círculo". Naturalmente, não podemos esquecer as referências mais óbvias e sobre as quais nunca indagamos as razões: as 7 notas musicais, as 7 cores do arco-íris, os 7 dias da semana, as 7 Maravilhas da Antigüidade. Mais interessante é observar, por exemplo, que na dança escocesa das espadas São Jorge vence o dragão acompanhado de sete santos, que o candelabro do Templo de Salomão tem 7 braços, que a lira de Orfeu tinha 7 cordas, que eram 7 as Hespérides que guardavam a árvore dos pomos de ouro, 7 os chefes que atacaram Tebas e 7 os que a defenderam, que eram 7 os filhos e as filhas de Níobe, assassinados pelos deuses. Platão nos fala das 7 esferas celestes e das 7 sereias que cantam sobre cada uma delas. O número também costuma aparecer em amuletos, rituais e oferendas mágicas, como as feitas para os Exus e Pomba-Giras. Segundo Hipócrates, "O número sete, por suas virtudes ocultas, tende a realizar todas as coisas; é o dispensador da vida e a fonte de todas as mudanças, pois mesmo a lua muda de fase a cada sete dias. Este número influi em todas as coisas sublimes." Cola Alberich nos informa que "os pentes de 7 dentes eram símbolos mágicos em Susa; entre os chineses a 'raposa de sete caudas' é o gênio maligno; os santos e sábios tem 'sete orifícios' no coração; os espíritos animais são sete; existem sete fadas de sete cores; no dia sete do sétimo mês celebram-se grandes festas populares e um dos amuletos prediletos é o lótus de sete folhas. No Tibet são sete os emblemas do Buda; nas pirâmides sagradas de Mocha, na costa peruana, o templo do sol tem sete escalões. No Islã o número sete goza de grande prestígio: há sete céus, sete terras, sete mares; dão-se sete voltas em torno do templo de Meca; há sete dias nefastos; o homem é formado por sete substâncias, são sete os alimentos recolhidos..."

Em função de sua natureza singular de sintetizar a totalidade o sete representa a harmonia do Universo e os poderes de compreensão do ser humano. Não é por outra razão que, no Tarot, o sétimo Arcano Maior é a Vitória. Também por isso a estrela de sete pontas é chamada de Estrela dos Magos e tem função de destaque em vários tipos de rituais.


Materia de propriedade do Jornal Umbanda Hoje -
Reproducao autorizada por Marco Valerio Pellizer - Editor


**Jornal de umbanda sagrada, agosto de 2003 (Autor Desconhecido)